Translate

sábado, 6 de agosto de 2016

Tipos de fics - erros comuns

Todos nós, como escritores e/ou leitores, reparamos nesses pormenores chatos que aparecem por aí e, muitas vezes, nem ligamos por preguiça ou porque a história é mesmo (!) boa. Hoje decidi escrever um pouco sobre alguns erros comuns que venho lendo nas fanfictions e histórias originais que leio, não como forma de rebaixar mas para ajudar. Vamos lá?





1º - Escrita em si

Às vezes eu tenho a sensação que o povo não sabe bem o que é um roteiro nem a diferença entre a história e o roteiro em si. Vamos começar com um exemplo, no roteiro é descrita todo o cenário, desde a cor das casas ao tipo de árvores, o tipo de carros que passam na rua, se tem pássaros cantando ou um cão urinando na esquina, e isso até é aceitável numa história narrada na 3ª pessoa mas narrações na 1ª pessoa? A não ser que o seu personagem seja do estilo super observador (o que é possível) é bom focar apenas no essencial, uma pessoa normal que anda na rua não repara em todos os aromas, não sabe se a velhinha no banco está feliz ou que acabou de ter uma boa conversa com o filho! Apenas não sabe! Você como escritor sabe e, se acha que os leitores devem saber, acrescente um narrador à sua história! Problema resolvido.



Outro exemplo disso é a forma como a fala e a ação são pouco/mal diferenciadas no texto, muitas vezes encontro-me com situações em que o diálogo mistura-se com os pensamentos da personagem e até com a ação e eu tenho que reler o mesmo parágrafo 3 vezes para entender! Vamos por partes, parágrafos! São uns deuses, certifique-se que os usa sempre que for pertinente! A sua personagem acabou a fala e agora você quer descrever a cena? Parágrafo!
A personagem estava a falar e você quer introduzir o pensamento? Use a imaginação! Use o discurso indireto dentro das diretivas, use itálico se isso o deixa feliz, só não deixe a frase como algo do tipo "-Eu juro que nunca vi essa mala na minha vida! Espero que a Maria não me tenha visto quando eu a coloquei no sótão ontem."


2º - Falar com o leitor

As introduções do estilo "Oi. o meu nome é Luciana, tenho 25 anos e sou baixinha, morena e tenho metade do cabelo azul e a outra metade roxa, um piercing no nariz e uma manga de tatuagens." estão a ganhar fama nos sites de fanfics e, bom... Eu só vou pedir: NÃO, por favor, não faça isso a menos que pretenda interagir com o leitor até o fim da história!! Não é coerente o personagem falar diretamente com o leitor no primeiro capítulo e esquecer que ele existe até o fim da história.


3º - Os erros

Por amor da mamãe, os erros! Eu juro que pode ser a melhor história de todos os tempos, com um enredo bem estruturado, personagens reais e interessantes sem serem exageradamente apelativas mas, e que grande "mas", se tiver erros eu deixo de ler, simples assim, Ok, talvez eu perdoe uns erros básicos (sou humana e sei que errar é normal), tem histórias mesmo interessantes que falham nesse aspeto, todavia não custa nada, nada mesmo, usar a porcaria de um dicionário!! (NÃO! Não é uma porcaria, esqueçam que usei essa palavra sequer, amem o dicionário.) A sério, existem excelentes dicionários e gramáticas, quase perfeitas de tão simples que são, adivinhem... online! Nem precisa gastar mais dinheiro! A internet está paga, mais vale usá-la.



Por falar em erros, sou só eu a "diferentona" que nota ou agora virou moda fazer o personagem mudar de personalidade da noite para o dia? Tudo bem o personagem evoluir, só sejam coerentes.

Ah, e os pormenores, gente, eu sei que é chato estar sempre a reler a própria história mas você não pode falar no início que a Joana tinha 2 metros de altura e 3 gatos e no fim aparecer um cavaleiro andante e ela tem que se por de pontas de pés para o beijar enquanto o cão late ao fundo. Coerência! Eu não sei onde vocês vivem mas por aqui ter 2m não é normal.


O que nos leva ao ponto final...


4º A pesquisa

Não é a primeira nem será a última vez que leio uma história sem pés nem cabeça mas tem umas que me surpreendem de verdade! É sempre bom pesquisar pormenores como em que ano os carros foram inventados ou o papel da mulher na sociedade no séc. (?) se a sua história se passar no passado. (Uau, frase inteligente aqui.)



Então vamos por fases:
-ROUPA, sempre, não importa se é no futuro, no presente, no passado, sempre pesquise e adeque a roupa consoante a época, situação, país, região, estação;
-TECNOLOGIA, use a cabeça, em 1998 não havia as coisas que há hoje então, sem iPhones se faz favor;
-COSTUMES, por amor da mamãe, não ponha um russo a sambar na Rússia ou a ouvir funk sem que eles sequer conheçam o Brasil! Tem muitos países em que a mulher é tratada abaixo de cachorro de rua, e países que "seguem" outra religião, então pesquise, tipo sempre;
-DINHEIRO, nem toda a gente é rica e, em muitos países, ser rico é ter uma casita e dinheiro para pagar a comida;
-HISTÓRIA, então é assim, Hitler não conheceu o Dalai Lama, o homem não veio dos macacos (ascendentes em comum minha gente) e o planeta terra não tem 2000 anos.


~~ok, talvez esse tópico devesse chamar-se "senso comum"~



Melhores frases de anime (cont.)

"Só te tornas verdadeiramente forte quando tens alguém para proteger." - Naruto


"As pessoas não ficam paradas no tempo esperando que regressemos, elas evoluem e esquecem quem somos." - Inu-Yasha


"Se isso é coisa do que vocês chamam de coração, significa que é por tê-lo que vocês humanos sofrem." - Bleach

"Se não arriscamos, não criamos o futuro." - One Piece


"Eu não me importo se falhar tentando alcançar meus sonhos." - Bakuman


"Você tem que olhar para dentro de si mesmo e não ter medo daquilo que possa encontrar." - Yu-Gi-Oh


"A sabedoria adormecida na palavra escrita é dominada pelo desespero que nela se esconde." - Tokyo Ghoul


"É muito simples escapar de perguntas inconvenientes com mentiras plausíveis." - Hunter X Hunter


"Aqueles que conhecem o ódio, também conhecem a tristeza." - Code Geass


"Creio que as memórias são o seu pior inimigo." - Avatar


"A vontade de mudar o mundo... Só isso é o suficiente para fazer a história se mover." - Fairy Tail


"Confie e será traído. Descuide-se e será morto. Mate antes que te matem." - Samurai X

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Isto não é uma crónica I

Eu podia estar a escrever um texto dramático agora - como faço repetidas vezes-, podia estar a inventar um conto, podia estar a escrever poesia sem sentido. Eu podia, e devia, respirar fundo, absorver o mundo ao meu redor para então poder vomitar as letras que se prendem entre as minhas veias. E eu vou. Vomitar palavras e sentimentos, se me pertencem ou não, aí fica a dúvida. Então começo e acabo com isto, uma história de… nada.
António tinha esta mania estranha de nunca duvidar de ninguém, era gentil demais, simpático, sempre cortês e com um sorriso educado; eu, por outro lado, sempre fui ácida para a vida. Deixei veneno disfarçado em cada canto em que permaneci por mais do que trinta segundos mal encarados; muito mal encarados mas tão bem analisados que chegava a doer a vista. Notava tudo, o sorriso falso, o cabelo mal alinhado, o botão mal colocado, a tinta que descascava naquele pontinho minúsculo atrás da televisão, na planta excessivamente verde que era falsa, António reparava que a dona da casa tinha se oferecido para ajudar com os meus priminhos, que parecia realmente feliz com a visita, e entre perspetivas diferentes do mundo a senhora dizia que eramos um casal tão belo. Eu podia ter-lhe dito de tudo mas apenas sorri.
-E o seu marido?
Acabei por perguntar por educação, sem educação. Pouco me importava o marido da velha chata, pouco me importava a vida desta mulher tão alegremente triste. A janela era mais interessante, as escadas de madeira que rangiam eram mais apelativas do que o discurso enfadonho que parecia perpetuar naquela casa. Na minha mão repousava a aliança que tirara antes de entrar, mantive o punho sempre fechado, na minha cara repousava o falso sorriso que eu quase esquecera de por, em todo o meu corpo explodia a ansiedade não evidente de correr dali para fora. Era sempre assim, odiava ter que conhecer as vítimas, isso era ritual dele e não meu; segurei-lhe a mão e apertei, controlando-o, ele era tão inocente, podia cair a qualquer momento. Dois chás e uma boa quantidade de bolachas depois e estávamos porta fora com promessas de voltar em breve.
-Gostei dela. - ele começou.
-Gostas de todas elas. - resmunguei antes de colocar a aliança de volta no dedo. - Mulher chata…
-Assim é bom, quando não gostas custa-te menos.
O sorriso inocente de novo no rosto daquele homem tão grande, meu irmão de criação, tão inocente e tão perdido. Ele sorria para a vida, eu cuspia nela, enquanto a faca que atravessava as vítimas era dele a pá que as cobria era minha.

-Cristina Lemos.