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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Não procurei a perfeição, nunca sequer acreditei nela. Algo em mim sempre soube que existiam defeitos e qualidades, gostos e gostos…
Algo em mim era a favor da diferença, do original, do defeito e hoje esse algo morreu.
Porque agora não possuo defeitos, qualidades, erros ou acertos, agora o erro sou eu, o defeito sou eu.
Porque agora a perfeição não é mais irreal e eu me tornei o seu oposto.
Porque agora a poesia faz sentido e que, ja li por aí, isso nunca é bom sinal.
Os livros, aqueles mil que li sobre tragédia romântica ou não, todos se encaixam em partes de mim, do que sinto, do que vivo.
As músicas que largaram as cordas e cantaram com o piano sem fim.
O cão vadio que se deitou a meus pés. As crianças que me olham curiosas. Os adolescentes que riem de mim.
Porque hoje eu cheguei ao meu primeiro fim, ao meu segundo começo…
Pelos que se esqueceram de mim.
Pelos que se foram.
Pelos que não vêm.
Eu entendo a melodia. Percebi o lá inicial, percebi o tom dramático da peça que tocava.
Pelo vazio. Pela morte. Pelo desconhecido.
Pelos erros que sou. O piano me tocou e agora sou eu que o toco.

Desconheço essa de perfeição… Mora no fim da rua pelo que me dizem, não toca piano mas canta e dança. É jovem e encanta. Dizem que seu nome é esperança e que eu sou seu oposto… Dizem eles que meu nome é vingança.



É tudo... Eu acho.

Ó amor...



Tenho fome. 

Da dor desse teu louco amor. 
Do sangue que já não escorre. 
Do medo que me fazia gritar. 
Dos gritos que dava sem falar. 
Das palavras que agora me inundam. 
Da água que me lavava por dentro. 
Tenho fome. 
De ti amor. 
Da dor. 
Do sabor. 
Da bebida sem cor. 
De sentir calor. 
E ainda mais desse mundo de cor. 
Que me abraçava e me rendia. 
Agora vivo presa na fome da cobardia.